Podemos dizer que o design educacional é uma área que estuda como tornar o processo de aprendizado mais efetivo, melhorando a experiência educacional dos alunos. O design educacional está diretamente envolvido na elaboração do planejamento educacional, desde a decisão do conteúdo a ser ensinado, até a sua forma de transmissão mais efetiva.
Hoje vivemos em um momento onde a educação não é mais exclusividade de salas de aula ou institutos acadêmicos. Lidamos com aulas online, aulas presenciais, workshops, bootcamps, intensivos, cursos livres, especializações, e muitas outras formas de aprendermos mais sobre infinitos assuntos.
Por isso, esta é uma área que se mostra cada vez mais necessária e em plena expansão, uma vez que a disseminação de informação e conhecimento acontece de diversas maneiras, com diferentes propósitos, necessitando de profissionais que sejam capazes de assimilar todas estas informações e transformá-las em conteúdo educacional.
Quais as diferenças entre o designer instrucional, o desenvolvedor instrucional e o design educacional?
Em alguns casos, empresas procuram utilizar os dois termos para se referir a áreas com funções diferentes. Porém, quando comparamos a atuação de ambas, a porcentagem de diferenças relevantes é muito pequena.
De toda forma, quando se faz necessário determinar suas diferenças, podemos dizer que o designer instrucional (DI) possui uma atuação mais ampla, enquanto o desenvolvedor instrucional possui um foco maior no desenvolvimento de mídias educacionais. Aqui, o design educacional pode ser considerado um termo sinônimo de design instrucional, pois a atuação é a mesma.
Mas ainda é comum que os nomes sejam utilizados de forma, muitas vezes, equivocada, designando funções diversas. Se analisarmos o cenário brasileiro, por exemplo, veremos diferenças dentro do próprio termo design instrucional, referindo-se a quem faz a mídia digital ou até ao Product Owner educacional, responsável por cuidar de todo o processo de desenvolvimento do produto.
Pensando na trajetória dos profissionais que atuam nessas áreas, suas formações e experiências anteriores podem variar. Por exemplo, para atuar como designer instrucional, não é obrigatório ter formação em pedagogia, mas é necessário ter conhecimento em processos de design e conhecimento em design instrucional. Entretanto, desenvolver o conhecimento pedagógico pode ser bastante relevante para quem atua tanto como designer quanto como desenvolvedor instrucional.
Quando foi criado o design instrucional?
Engana-se quem acredita que o design instrucional é uma atividade recente. De acordo com alguns estudos, sua metodologia teve origem durante a II Guerra Mundial, entre os anos de 1939 e 1945.
Neste período, o exército americano percebeu que muitos de seus soldados estavam sendo prejudicados por não utilizarem seus equipamentos da maneira correta. Para solucionar este problema, buscaram a ajuda de importantes psicólogos para elaborar um plano de treinamento que de fato educasse seus soldados a utilizarem os equipamentos corretamente.
Dessa forma, os psicólogos, junto de uma equipe multidisciplinar, estudaram o comportamento de aprendizado dos soldados e elaboraram um modelo educacional diferente do que se conhecia.
Após a II Guerra Mundial, muitos profissionais seguiram estudando e se aprofundando nessa área, o que permitiu grande evolução do design instrucional com o passar dos anos.
Quanto ganha um designer educacional?
De acordo com as plataformas Vagas e Glassdoor, a média salarial inicial de um designer educacional no Brasil fica entre R$4.200 e R$4.500 por mês, podendo chegar a R$15.000 em Edtechs e projetos onde o DI tem mais autonomia, ou até R$400.000 ao ano em empresas internacionais para designers instrucionais de alto nível.
Lembrando que essa média salarial também pode variar de acordo com o nível de experiência do profissional e o tamanho da empresa contratante.
É preciso saber sobre design gráfico para ser designer instrucional?
Essa é uma dúvida muito frequente entre as pessoas que desejam dar início à carreira na área. Apesar de ambas as áreas conterem design no nome, a profissão de designer instrucional não demanda conhecimento em design gráfico.
É importante entender que design, em seu significado mais amplo, diz respeito sobre o processo de planejamento e a concepção de algo funcional, com a finalidade de solucionar uma situação. Em outras palavras, o design está diretamente relacionado a processos, estudos e metodologias de planejamento e produção.
A partir deste significado amplo do termo, temos os seus desdobramentos para diferentes áreas, cada uma com seu foco de atuação. Sendo assim, cada área dentro do design utiliza de processos e metodologias para elaborar diferentes soluções.
No caso do design gráfico, há a concepção de soluções através de elementos visuais. Já no design instrucional, utilizamos os processos e metodologias de design para planejar e conceber soluções educacionais através da tecnologia.
Como trabalhar design na educação
Os processos e metodologias de design podem ser muito valiosos no campo da educação, auxiliando tanto professores e instrutores, quanto alunos. Existem diversas metodologias e modelos utilizados no design instrucional, como Design Thinking, Taxonomia de Bloom, método ágil, modelo ADDIE, entre outros.
Design Thinking na educação
O Design Thinking, por exemplo, é uma metodologia muito utilizada por empresas de diversas áreas, na construção de diferentes tipos de projetos. No caso do design instrucional, seus processos são utilizados com o objetivo de desenvolver o pensamento crítico, a criatividade e a comunicação.
Em geral, os processos de design thinking passam por dois momentos. Primeiro temos a expansão de ideias e conhecimento, onde buscamos compreender o contexto, explorando diversas possibilidades de solução para uma situação. Depois, “afunilamos” essas ideias, identificando a causa central do problema e definindo a melhor solução a seguir.
Na educação, esse processo de expandir o conhecimento para depois centrar-se no problema é uma excelente forma de incentivar o pensamento crítico e a análise. Há um estímulo para que o aluno busque conhecimento e desenvolva sua comunicação, cooperação, criatividade e se veja como parte ativa na resolução de problemas.
Dessa forma, é papel de um designer educacional analisar o contexto de um aluno, ou grupo de alunos, para desenvolver um programa de ensino que contemple suas necessidades, estimulando o protagonismo e a participação ativa desse indivíduo em seu processo de aprendizado.
Metodologia ADDIE no design instrucional
Se pensarmos na metodologia ADDIE (Analysis, Design, Development, Implementation and Evaluation – Análise, Design, Desenvolvimento, Implementação e Avaliação), temos uma abordagem dos processos um pouquinho diferente.
Este modelo busca analisar o contexto em que o aluno está inserido e possíveis dificuldades e falhas no processo de aprendizagem, desenvolver um projeto focado na solução desse problema – envolvendo desde a capacitação dos instrutores até a atualização do material de ensino, implementar esse projeto na prática e avaliar sua eficácia.
No modelo ADDIE, o aluno e seu aprendizado estão no centro do projeto educacional, diferente de metodologias tradicionais que costumam colocar o conteúdo como foco central. Dessa forma, o designer instrucional busca criar projetos que estimulem o aluno e não tornem o aprendizado monótono e cansativo.
Deixe um comentário